30 novembro, 2010

O que eu (re)aprendi sobre a chuva... (parte 2)

O meu conceito de chuva era o que descrevi em O que sabia sobre a chuva... E pra sobreviver em São Paulo, na chuva, tinha que ser assim.

As coisas mudam...
Taubaté é perceptivelmente mais quente que São Paulo. Não entendo muito de topografia, mas tenho a impressão que o fato de ser localizada num vale e ser predominantemente plana, ressalta essa diferença de temperatura. 
O Sol aqui não brilha, o Sol castiga. Pelo menos pra mim, que gosto do frio e que sou "branco-polaca".
 É muito comum ver pessoas se protegendo com sombrinhas. E eu que achava que isso era hábito de cidade de interior, percebi que é hábito de uma cidade muito quente. E até eu mesma já pensei em usar uma...
Eu não posso trabalhar de sandália ou rasteirinha, não posso trabalhar de bermuda, saia ou vestido. Eu não tenho uma piscina em casa, e a minha pele vive em atritos com o Sol. Fica difícil gostar desse calor todo.

E foi assim: de repente me vi agradecendo aquele pé d água que desabava do céu.
Notei que eu não dava mais a mínina pro trânsito que ia se formar com a chuva... Hã? Que trânsito?
E que eu não pensava mais que caminho eu faria pra desviar do bairro que alagou... Oi? A cidade é plana e tem “verde” o suficiente pra escoar e absorver a chuva. Não alaga.
Não me estressava mais com meu cabelo que ia molhar e estragar a escova. Que escova? Não, meu cabelo não ficou liso depois que mudei pra cá, eu é que me libertei dessa escravidão!
E tudo que eu desgostava da chuva foi escorrendo, escoando e foi sendo levado pela enxurrada de coisas boas que eu sentia quando chovia.

Naquele sábado de manhã que planejávamos ir ao mercadão comprar nossos ”hortifrutis” fresquinhos, 
agradecemos pela garoa que caía. E não mudamos nossos planos, antes a garoa do que aquele sol ardido.
E a nova conotação de chuva foi se formando nos meus conceitos. E mesmo quando o Sol já não incomodava mais cedendo o lugar a Lua, eu deitava na cama no quarto escuro e ouvia a chuva bater no telhado. E dormia feliz.

Em uma noite dessas voltei a ser criança. Já era mais de nove horas quando sai com o Fernando para andar de bicicleta pela cidade e fomos surpreendidos por uma chuva torrencial de verão. Não paramos nem nos protegemos. Pedalamos até em casa debaixo de chuva forte, pelas ruas e avenidas quase vazias. Tomamos aquela chuva do início ao fim. Uma chuva que me fez compreender a expressão “lavar a alma”. E que me fez sentir a sensação maravilhosa de se entregar a uma chuva, que eu não sentia desde que era criança. Sensação que eu não lembrava mais que existia, pois cresci e aprendi a desgostar de algo tão bom!

29 novembro, 2010

O que eu sabia sobre a chuva...(parte 1)


 Quando a previsão do tempo indicava "pancadas de chuva para o fim do dia" já me dava preguiça de sair de casa.
Em São Paulo é assim, você passa calor o dia inteiro, aquele ar quente que não circula pesa na sua saúde. E quando no fim do dia vem à pancada de chuva que resolveria sua aflição, só te deixa mais preocupada e estressada.

Começando pelo trânsito. É automático, depois da segunda gota de chuva tudo para. Não, com certeza ainda não deu tempo de inundar nada, mas já alagou o cérebro de muitos motoristas com ondas de pânico. Ai já viu... Se a chuva inunda ruas e o transito complica, nós motoristas deveríamos ser mais ágeis a fim de desamarrar um pouco o nó de carros que se forma. Mas não é assim que acontece, a chuva também "emburrece" as pessoas.

Nos ônibus dependendo da situação o trânsito até flui mais tranquilo por causa dos corredores exclusivos. Basta você gostar de sauna a vapor... Choveu as janelas se fecham automaticamente, o ônibus lota e você não consegue enxergar, se mover e mal respirar. Mas da pra perder um pouquinho de líquido acumulado (drenagem linfática pra que?).

Ok. O transito pra você não é um problema, porque você vai de metrô. Se você trabalha/mora exatamente do lado da estação, bom pra você! Senão vai ter que caminhar um pouquinho. E tem coisa melhor que um guarda-chuva? Eles duram eternidades, são práticos, confortáveis de usar, fáceis de guardar e tem deixam um charme. E além do mais te protegem com-ple-ta-men-te da chuva! Ainda mais aquela garoa forte com vento... E os sapatos então?

A chuva em São Paulo leva a sujeira da rua e teu humor pelo ralo. Você ficou horas no transito, você provavelmente se atrasou ou perdeu algum compromisso, seu cabelo escovado voltou a ser "tóin-oin-oin", você cheira a cachorro molhado e parece que tem um ofurô em cada pé, de tanta água. Sinto, mas seus sapatos nunca mais serão os mesmos.
Isso se  o seu carro não inundou, ou uma árvore não caiu em cima dele.

Sem contar aquelas pessoas que percebem que estar dentro de casa na hora da chuva é pior do que ficar do lado de fora, pois água entra sem pedir licença. Ou com aquelas pessoas que vivem em lugares sem saneamento e convivem com ratos, lixo e doenças que na hora do temporal fazem a festa.

São Paulo não funciona com chuva e os paulistanos aprenderam isso e se adaptaram.
Paulistanos não gostam de chuva e eu aprendi a não gostar de chuva.
E olha...não dá pra chover durante a semana. E no fim de semana menos ainda!!! Paulistano PRE-CI-SA descer a serra pra esturricar no Sol, na praia lotada. E levar 8 horas pra voltar pra casa, da cor de um pimentão.

26 novembro, 2010

Uma obra-prima dupla da Gastronomia

Como boa twitteira e curiosa que sou, caiu na minha timeline o link desse vídeo:



Pra quem não conhece Guy Savoy é um estrelado chef francês, dono do restaurante que carrega seu nome em Paris e Las Vegas.
Em Paris, ele foi premiado com 3 estrelas no Guia Michelin, e 2 estrelas em Las vegas. Já figurou por várias vezes no ranking do 50 Melhores da S. Pellegrino (nosso brasileiríssimo D.O.M., de Alex Atala, figura em 18º do ranking mundial atualmente).
O Chef Guy Savoy


O vídeo, feito para o site do restaurante, foi criado e dirigido pelo californiano Jesse Salto, que é designer e fotógrafo.

O filme retrata a rotina do restaurante, desde a compra dos ingredientes até ao atendimento aos clientes, passando pela rotina da cozinha e seus funcionários. A confecção e finalização dos pratos não poderiam ficar de fora, as imagens brilham aos olhos e enchem a boca d´agua.
Tudo é retratado de forma quase ingênua, com uma trilha sonora amarrando uma edição muito bem feita!

É uma obra-prima da comunicação retratando uma obra de arte da Gastronomia.
Um colírio para os olhos! Vale a pena conferir.

Fitas Coloridas


Fitas?
Não, essas fitas não são tema do blog só porque são coloridas e dão um visual legal.

As fitas representam, nesse contexto, a minha nova vida.
Como assim?
 Essas fitas são uma das minhas recentes manias, que também incluem tecidos coloridos, caixas de madeira e tudo relacionado a artesanato.

Ter um hobby pra mim é algo novo. A vida corrida de SP me consumia tempo demais, esforço demais para ter algum tempo sobrando pra me dedicar ao que eu gostava (que não fosse minha profissão). E quando por um luxo da rotina, eventualmente sobrava-me algum eu tinha que usa-lo para coisas básicas de mulher: cutículas precisam ser tiradas, as unhas precisam ser esmaltadas, e pelos precisam ser depilados. Era o mínimo, se eu me preocupasse em ter um pouco de feminilidade e cuidado.
São Paulo te da oportunidade de trabalho, de crescimento e te cobra por isso. No caso a moeda vigente é o seu tempo.

Hoje, bem casada, com minha casa arrumada (falta um pouco, sempre falta) e em uma nova cidade, minha rotina é outra. Minha vida mudou e saiu do modo acelerado. Já não odeio mais as segundas-feiras. Fazer a unha não é mais uma fuga desesperada da rotina ou uma excessão a regra, ficou simples assim: pelo menos 1x por semana!
Agora, com uma carga horária de político tenho tempo pra me dedicar as coisas que gosto, e descobri uma Mariana que adora artesanato, fitas, tecidos.
Tenho tempo pra me exercitar, tempo pra comprar os alimentos certos e cozinhar da melhor forma para minha saúde. Tenho tempo pra cuidar de mim, cuidar do cabelo, da pele. Tenho tempo para colocar os médicos em dia, os exames de rotina em ordem.
Tenho tempo pra cuidar da minha casa e cuidar do Fernando (que mesmo tendo menos tempo que eu, ainda sim tem tempo pra cuidar de mim!).
Tenho tempo pra saciar minha sede de informação e navegar na Internet, tenho tempo pra dizer o que penso e saber o que pensam os que estão ao meu redor.

E... nossa, como tudo isso é bom! Está certo que o rendimento já não é o mesmo (quem dera fosse o de político), mas e dai? Ter tempo pra esticar as pernas na rede e ler um livro, não tem preço!

 As fitas aqui ilustram muito mais do que um hobby, ilustram a nova Vida que tenho e a nova Pessoa que sou.
Posso não ser mais bonita por ter tempo de cuidar de mim, minha pele não é perfeita mesmo  tendo tempo para cuidar dela. Não sou mais magra mesmo cuidando da saúde, meus artesanatos podem não ser os mais criativos e coloridos, e posso não ser mais inteligente mesmo com tanta informação que busco. Mas sem dúvida, sou muito mais FELIZ.

As fitas são a minha felicidade.

25 novembro, 2010

Almoço despojado no Sal Gastronomia

O salão é pequeno, o ambiente é informal, e o chef parece mal encarado, e tudo isso só da mais brilho a excelente refeição que tive no Sal Gastronomia, no último fim de semana. Uma combinação perfeita para um sábado ensolarado.
 O melhor de poder conhecer a "obra" e a "casa" de chefs famosos é poder dividir isso com pessoas que tem o mesmo apreço que eu! Fernando, Ro e Ana se encaixam perfeitamente nisso!!
Já da pra imaginar o quão agradável foi o almoço!!

Prometi a mim mesma que não me acabaria logo no couvert, por isso confesso que não posso opinar muito sobre ele. A única coisa que provei foi um chips de alho porro. Simples, descomplicado mas muito saboroso. E como todo chips que o valha, é viciante!
Pedi "dobradinha" de atum, na entrada e no prato. Tartare de atum com abacate e endívia, pra começar. E o prato principal foi atum em crosta de gergilim, arroz negro com pupunha. A foto fala por si:
(foto do site)
Foram belas escolhas! O tartare com abacate é bem interessante, o atum com gergilim estava primoroso apesar de não surpreender mais. Apesar disso, confesso que o Fernando se deu melhor desta vez.
Suas duas escolhas foram impecáveis. Ponto alto para os molhos que acompanhavam ambas!
De entrada a inusitada costelinha de porco desmanchando de macia, com chutney de morango e dedo de moça.

E o prato principal foi a estrela do do dia: Lombo de cordeiro, purê de dois queijos, shitake e molho de jabuticaba.
Olha só esse molho!

Espetacular!
Salivo só de lembrar!
(fotos by Ana)

24 novembro, 2010

Café Cultural

A minha mudança pra Taubaté me fez descobrir alguns novos pontos de vista (os quais aos poucos devo ir colocando aqui).
Não da, nem de longe, para tentar comparar uma cidade de 245 mil habitantes com a minha São Paulo. E digo isso em relação a todos os ângulos de que se olha. Uma cidade pequena te oferece muito, mas te limita muito.
O ponto de vista que me faz escrever aqui hoje, é o cultural.

Como paulistana nata que sou, logo que chego em algum lugar já saio a procura de um Café (em maiúscula). Café no sentido de estabelecimento: lugar onde se serve café, chá e outras bebidas, bem como refeições ligeira, sendo um local que desempenha um importante papel social constituindo-se em locais de reunião e troca de ideias.
Não há nada melhor que sentar num Café aconchegante com uma música suave de fundo, tomar um café, ler uma revista, um livro, navegar na Internet, ou simplesmente jogar conversa fora com amigos. Passo horas assim!

Em Taubaté encontrei um único estabelecimento que eu poderia classificar como um Café. É uma loja de uma rede de franquias conhecida em SP. Não é excelência em café, comparada a tantas opções que só São Paulo oferece, mas eu e Fernando (meu marido, outro adorador não só da bebida, mas da Cultura Café) nos fizemos presente fielmente, usufruindo e incentivando aquela Cultura.
Um dia caminhando pelo centro da cidade, precisando de um café (agora no sentido de um "pretinho") encontrei um "lugarzinho" com uma máquina de café espresso. Não era um Café (não no meu conceito), mas vendia espresso. Sentei numa banquetinha apreciando meu café e notei que havia um texto escrito nas paredes, de forma bem amadora mesmo. O texto, de um psicólogo da região, falava justamente sobre o a Cultura do Café. Muito bom o texto, me identifiquei! Questionei o dono do lugar sobre a autoria do texto e começamos a conversar, diferente de mim e do autor do texto, ele disse que o povo daqui não tem essa Cultura.
Eu tristemente concordei.

Ontem fomos dar um passeio de bicicleta pela cidade. "Que tal recuperar as energias com um pretinho? Vamos ao nosso Café, então!"
E fomos. E demos com a cara na porta.
O único Café da cidade faliu. Fechou por falta de clientes... E meu coração ficou pequenininho, pelo pesar aos donos que acabamos criando uma amizade. Porém, mais ainda pelo balde de água fria...
A mesma água fria que nos surpreendeu ao ir no show da Maria Gadu, show que nunca aconteceu, foi cancelado sem aviso nenhum e demos com a cara na porta.
Taubaté não compra Maria Gadu, mas esgota pro Fernando & Sorocaba, Padre Lázaro, Padre Fábio de Melo.
Taubaté não toma café, e menos ainda frequenta um Café, mas lota os botecos e se acaba de tomar cerveja.

Taubaté nesse sentido não está crescendo, não está aberta novas Culturas.
Pelo menos ainda não.

Um novo começo

No ano passado criei esse blog com a única intenção de usufruir de um de seus serviços disponíveis, para me auxiliar num evento particular importante: meu casamento. De repente me vi fuçando em configuranções de design, configurações de postagens, detalhes que na verdade não tinham importancia nenhuma para aquilo que no fim eu precisava.
Resumindo a história: me envolvi, me apaixonei por isso aqui!
Infelizmente não me foi útil, em absoluto, para o fim que eu o criei. E na correria de prepartivos do casamento, o próprio dia D, lua-de-mel, mudança de casa e de cidade, o blog ficou aqui quietinho...hibernando. Serviu só para um ou dois posts sobre uma viagem, sobre um acontecimento...

Hoje estou estabelecida e minha vida é com-ple-ta-men-te diferente da vida que eu levava. Hoje posso dedicar um pouquinho do meu tempo para as minhas paixões. E esse blog me cativou!
Nunca tive um blog antes, não sei como isso tudo vai funcionar. Mas aqui pretendo colocar as minhas indignações, vontades,  pensamentos, minha opiniões, meus momentos.

Com tanta coisa na cabeça, esse blog vai ser a minha língua (sem papas)!!