INHOTIM ainda é um lugar pouco conhecido para a maioria das
pessoas, muitas nem sequer ouviram falar dele. E isso é uma TREMENDA
injustiça.
E a oportunidade surgiu: Fernando precisaria ir para Belo Horizonte à trabalho e eu aproveitei para ir junto. Aluguei um carro, fiz meu mapa e peguei a estrada sozinha rumo a Brumadinho, município a 50km de Belo Horizonte, que abriga Inhotim.
Deixa eu tentar explicar O QUE É esse lugar.
Inhotim é uma espécie de 2 em 1: um grande museu de Arte
Contemporânea dentro de uma magnífico Jardim Botânico. Aliás, é o maior centro
de arte ao ar livre da América Latinha.
O lugar era uma fazenda particular que, graças a Deus, teve
esse ilustre fim!
São por volta de 500 obras de arte e estão espalhadas pelo seu
terreno, expostas a céu aberto, em seus lindos jardins ou em galerias
permanentes ou temporárias, de artistas nacionais e internacionais. Poderia
citar aqui alguns nomes que com o conhecimento adquirido no lugar, percebi a
importância deles. Mas o objetivo do post é outro, é mostrar pra VOCE que esta
lendo, que não entende lhufas de arte (assim como eu), pode sim ficar
completamente embasbacado por Inhotim e por cada galeria que entrar sem
conhecer um nome sequer.
Obra de Hélio Oiticica |
Obra de Olafur Eliasson |
Ao parar o carro no estacionamento e caminhar até a recepção do museu você já tem uma previa do que te espera: o jardim, o paisagismo, é magnifico.
O preço é mais do que justo: R$20,00 a entrada. E se você
optar pela utilização de carrinhos motorizados em alguns trechos pré-definidos
mais longos, você paga mais R$10,00 e utiliza-os a vontade.
A cordialidade e a educação do staff todo é invejável e te
fazem entrar no clima.
Centro da Cultura & Educação Burle Marx |
Obra de Edgard de Souza no meio do jardim. |
Peguei um mapa, tentei me situar, senti-me perdida e
sozinha. O dia estava ensolarado, lindo. E quando comecei a caminhar me pegava
pensando “será que é por aqui que tenho que ir?”, “por aqui que começo?”.
Estava dura, tensa e com aquela sensação de “com quem vou conversar?". Por um instante não me pareceu uma boa idéia ter ido sozinha.
Mas isso por que eu ainda não tinha compreendido Inhotim. Eu
ainda não tinha deixado o lugar pegar na minha mão e me levar, me mostrar as
coisas, me ensinar a sentir. E quando isso aconteceu, vivi a mágica do lugar.
Inhotim te mostra que você é a sua melhor companhia, que a única interação de
que você precisa é com o que ele te faz sentir e pensar.
Esse post vai ser recheados de fotos, mas que nem de longe
descrevem a experiência de estar lá. Não vou entrar no mérito dos artistas
apesar de todos serem merecedores de MUITOS méritos, nem de suas grandiosas
obras, salvo uma excessão ou outra, pois enfoque do relato é outro.
A obra de Tunga, na Galeria True Rouge |
Duas Galerias: Mata e True Rouge |
Andei pelo lugar, com um pequena pausa para o almoço, por
volta de 4 horas e meia. E quanto mais eu andava, mais eu consumia de Inhotim e
mais eu queria. Até que comecei a correr contra o relógio, meu tempo estava
acabando, tinha que ir embora, mas eu queria cada vez mais.
No fim tentei racionalizar a visita, tentando escolher qual
galeria eu pularia. Foi completamente inútil, não consegui pular uma galeria sequer. E a cada exposição que entrava, pensava “Ufa! Ainda bem que não pulei
essa aqui”.
Galeria Adriana Varejão... |
...uma das mais lindas, na minha opinião. |
As galerias são auto-explicáveis. Você entra e é recebido
por um funcionário sorridente, muito jovem, que sabe tudo sobre aquela
exposição e que te orienta em relação ao que pode, o que não pode e as
possíveis interações com a obra. Na porta uma plaquetinha explica de quem é a obra,
um breve histórico do artista e um resumo do seu significado.
Acredito que as obras foram cuidadosamente escolhidas para gerar um efeito de inclusão para visitantes leigos em arte como essas que vos escreve. Cada plaquetinha dessa te prepara para o que você vai ver e mesmo assim é sempre surpreendente.
Acredito que as obras foram cuidadosamente escolhidas para gerar um efeito de inclusão para visitantes leigos em arte como essas que vos escreve. Cada plaquetinha dessa te prepara para o que você vai ver e mesmo assim é sempre surpreendente.
Galeria do fotógrafo Miguel Rio Branco |
Obra "Desvio para o Vermelho" de Cildo Meireles - foto: Pedro Motta |
Em uma das salas entrei e sentei-me sozinha num banco de
madeira no meio de um grande galpão branco, circundado por +ou- 40 caixas de
som. E fiquei ali, ouvindo. E é nessa hora que Inhotim te prova que é mágico:
eu não estava mais fisicamente naquela sala, nem naquele museu, nem estava mais
correndo contra meu tempo. Eu estava sozinha, eu e as vozes.
Em outra obra, em uma galeria toda envidraçada, com piso de
madeira, entrei e ouvi o som da terra. Essa era a proposta do artista. E eu
percebi que poderia ficar ali, naquele lugar por horas só “ouvindo a terra”.
Galeria Doug Aitken |
...onde se "ouve" a terra. |
Algumas galerias por si só já são uma obra de arte. Algumas
tem localização estratégica de acordo com o significado da obra e com o que ela
tem a passar para o visitante.
Galeria Matthew Braney encrustrada no meio da floresta... |
...e sua obra. - foto: viajenaviagem.com |
Ok. Você ai que esta pensando “Bullshit. Eu não gosto de
arte.”, mesmo assim você pode se encantar com Inhotim por causa do seu paisagismo
influenciado por Burle Marx, pelo grande acervo Botânico e seus jardins e lagos
impecáveis.
Os caminhos que você percorre a pé de uma galeria a outra
são em si uma obra de arte, plantas, palmeiras, arbustos, flores, árvores, tudo
muito bem colocado e encaixado para construir um visual compatível ao que é o
museu. E te fazem respirar e desacelerar a mente para entrar em outra
exposição.
No Vandário, uma espécie do obra de arte botânica, 350
espécies diferentes de orquídeas ficam penduradas nas árvores.
O Jardim Botanico ainda abriga a maior coleção de palmeiras
do mundo com 1.400 espécies.
E Inhotim além de tudo agrada os de mente gorda, como eu
também. São 2 restaurantes (Tamboril e Oiticica), um bar, uma omeleteria, uma
pizzaria, 2 lanchonetes, e um cachorro-quente!
Os restaurante não são baratos, mas são de qualidade incontestáveis.
Estive no Tamboril, durante a semana o Oiticica fica fechado, e não me
arrependi. Havia a opção de buffet e o a la carte, optei por uma massa recheada
de brie com damasco para repor as energias.
Tamboril |
E não é só de obras de plantas que se faz o lugar. Inhotim é
recheado de civilização, de educação, de cordialidade. Dá até pra duvidar que é
coisa de brasileiro, que se encontra num país emergente e não de primeiro
mundo. Nota-se que esse clima contamina os visitantes, que evitam fazer barulho
e baderna em suas galerias, que não jogam lixo nos jardins. Pelo menos foi essa
a impressão que tive em minha visita.
Todos os relatos que já li sobre INHOTIM foram emocionantes
e cheios de admiração, mas nada me preparou para o que VIVI lá. E esse meu relato
também será inútil pra te preparar.
É um dos lugares que TODOS deveriam ir ao menos 1 vez na
vida. Tipo “must go life”!
Infelizmente não consegui visitar o parque todo, faltou
uma pequena área. E estou esperando uma oportunidade de voltar, com qualquer
desculpa, acompanhar alguém, levar meu filho, um sobrinho, ou simplesmente
passar por essa experiência toda de novo com a melhor companhia de todas: eu mesma.
É impossível esquecer o que Inhotim um dia te proporcionou.
Se você se animou, prepare-se: evite ir com chuva, vá com
calçado confortável, sem pressa, vá durante a semana, leve sua câmera e se for mulher e não for
MUITO magra não vá de vestido.
E se você não se animou, nem um pouquinho, sinto muito mas
meu conceito a seu respeito é dos piores.
Realmente não parece coisa de brasileiro issoaê não! Dou prioridade zero para artes mas você conseguiu me convencer e mostrar que Inhotim é capaz de mudar esse conceito através de seu modo único de existir.
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