02 fevereiro, 2012

INHOTIM - mudando a sua vida.

INHOTIM ainda é um lugar pouco conhecido para a maioria das pessoas, muitas nem sequer ouviram falar dele. E isso é uma TREMENDA injustiça.

Todos sabem que meu grande “barato” é a gastronomia e confesso que entendo pouco de arte. Mas na primeira vez que li a respeito de Inhotim, ha muito tempo atrás, pensei “preciso conhecer esse lugar”.
E a oportunidade surgiu: Fernando precisaria ir para Belo Horizonte à trabalho e eu aproveitei para ir junto. Aluguei um carro, fiz meu mapa e peguei a estrada sozinha rumo a Brumadinho, município a 50km de Belo Horizonte, que abriga Inhotim.


Deixa eu tentar explicar O QUE É esse lugar.

Inhotim é uma espécie de 2 em 1: um grande museu de Arte Contemporânea dentro de uma magnífico Jardim Botânico. Aliás, é o maior centro de arte ao ar livre da América Latinha.
O lugar era uma fazenda particular que, graças a Deus, teve esse ilustre fim!

São por volta de 500 obras de arte e estão espalhadas pelo seu terreno, expostas a céu aberto, em seus lindos jardins ou em galerias permanentes ou temporárias, de artistas nacionais e internacionais. Poderia citar aqui alguns nomes que com o conhecimento adquirido no lugar, percebi a importância deles. Mas o objetivo do post é outro, é mostrar pra VOCE que esta lendo, que não entende lhufas de arte (assim como eu), pode sim ficar completamente embasbacado por Inhotim e por cada galeria que entrar sem conhecer um nome sequer.

Obra de Hélio Oiticica

Obra de Olafur Eliasson

 Ao parar o carro no estacionamento e caminhar até a recepção do museu você já tem uma previa do que te espera: o jardim, o paisagismo, é magnifico.








O preço é mais do que justo: R$20,00 a entrada. E se você optar pela utilização de carrinhos motorizados em alguns trechos pré-definidos mais longos, você paga mais R$10,00 e utiliza-os a vontade.
A cordialidade e a educação do staff todo é invejável e te fazem entrar no clima.

Centro da Cultura & Educação Burle Marx
Obra de Edgard de Souza no meio do jardim.
Peguei um mapa, tentei me situar, senti-me perdida e sozinha. O dia estava ensolarado, lindo. E quando comecei a caminhar me pegava pensando “será que é por aqui que tenho que ir?”, “por aqui que começo?”. Estava dura, tensa e com aquela sensação de “com quem vou conversar?". Por um instante não me pareceu uma boa idéia ter ido sozinha.
Mas isso por que eu ainda não tinha compreendido Inhotim. Eu ainda não tinha deixado o lugar pegar na minha mão e me levar, me mostrar as coisas, me ensinar a sentir. E quando isso aconteceu, vivi a mágica do lugar. Inhotim te mostra que você é a sua melhor companhia, que a única interação de que você precisa é com o que ele te faz sentir e pensar.

Esse post vai ser recheados de fotos, mas que nem de longe descrevem a experiência de estar lá. Não vou entrar no mérito dos artistas apesar de todos serem merecedores de MUITOS méritos, nem de suas grandiosas obras, salvo uma excessão ou outra, pois enfoque do relato é outro.


A obra de Tunga, na Galeria True Rouge
Duas Galerias: Mata e True Rouge

Andei pelo lugar, com um pequena pausa para o almoço, por volta de 4 horas e meia. E quanto mais eu andava, mais eu consumia de Inhotim e mais eu queria. Até que comecei a correr contra o relógio, meu tempo estava acabando, tinha que ir embora, mas eu queria cada vez mais.

No fim tentei racionalizar a visita, tentando escolher qual galeria eu pularia. Foi completamente inútil, não consegui pular uma galeria sequer. E a cada exposição que entrava, pensava “Ufa! Ainda bem que não pulei essa aqui”.


Galeria Adriana Varejão...

...uma das mais lindas, na minha opinião.



As galerias são auto-explicáveis. Você entra e é recebido por um funcionário sorridente, muito jovem, que sabe tudo sobre aquela exposição e que te orienta em relação ao que pode, o que não pode e as possíveis interações com a obra. Na porta uma plaquetinha explica de quem é a obra, um breve histórico do artista e um resumo do seu significado.
Acredito que as obras foram cuidadosamente escolhidas para gerar um efeito de inclusão para visitantes leigos em arte como essas que vos escreve. Cada plaquetinha dessa te prepara para o que você vai ver e mesmo assim é sempre surpreendente.

Galeria do fotógrafo Miguel Rio Branco

Obra "Desvio para o Vermelho" de Cildo Meireles - foto: Pedro Motta

Em uma das salas entrei e sentei-me sozinha num banco de madeira no meio de um grande galpão branco, circundado por +ou- 40 caixas de som. E fiquei ali, ouvindo. E é nessa hora que Inhotim te prova que é mágico: eu não estava mais fisicamente naquela sala, nem naquele museu, nem estava mais correndo contra meu tempo. Eu estava sozinha, eu e as vozes.

Em outra obra, em uma galeria toda envidraçada, com piso de madeira, entrei e ouvi o som da terra. Essa era a proposta do artista. E eu percebi que poderia ficar ali, naquele lugar por horas só “ouvindo a terra”.

Galeria Doug Aitken
...onde se "ouve" a terra.
Algumas galerias por si só já são uma obra de arte. Algumas tem localização estratégica de acordo com o significado da obra e com o que ela tem a passar para o visitante.

Galeria Matthew Braney encrustrada no meio da floresta...
...e sua obra. - foto: viajenaviagem.com

Ok. Você ai que esta pensando “Bullshit. Eu não gosto de arte.”, mesmo assim você pode se encantar com Inhotim por causa do seu paisagismo influenciado por Burle Marx, pelo grande acervo Botânico e seus jardins e lagos impecáveis.


Os caminhos que você percorre a pé de uma galeria a outra são em si uma obra de arte, plantas, palmeiras, arbustos, flores, árvores, tudo muito bem colocado e encaixado para construir um visual compatível ao que é o museu. E te fazem respirar e desacelerar a mente para entrar em outra exposição.


No Vandário, uma espécie do obra de arte botânica, 350 espécies diferentes de orquídeas ficam penduradas nas árvores.

Vandário


O Jardim Botanico ainda abriga a maior coleção de palmeiras do mundo com 1.400 espécies.


E Inhotim além de tudo agrada os de mente gorda, como eu também. São 2 restaurantes (Tamboril e Oiticica), um bar, uma omeleteria, uma pizzaria, 2 lanchonetes, e um cachorro-quente!

Os restaurante não são baratos, mas são de qualidade incontestáveis. Estive no Tamboril, durante a semana o Oiticica fica fechado, e não me arrependi. Havia a opção de buffet e o a la carte, optei por uma massa recheada de brie com damasco para repor as energias.



Tamboril

E não é só de obras de plantas que se faz o lugar. Inhotim é recheado de civilização, de educação, de cordialidade. Dá até pra duvidar que é coisa de brasileiro, que se encontra num país emergente e não de primeiro mundo. Nota-se que esse clima contamina os visitantes, que evitam fazer barulho e baderna em suas galerias, que não jogam lixo nos jardins. Pelo menos foi essa a impressão que tive em minha visita.

Todos os relatos que já li sobre INHOTIM foram emocionantes e cheios de admiração, mas nada me preparou para o que VIVI lá. E esse meu relato também será inútil pra te preparar.
É um dos lugares que TODOS deveriam ir ao menos 1 vez na vida. Tipo “must go life”!

Infelizmente não consegui visitar o parque todo, faltou uma pequena área. E estou esperando uma oportunidade de voltar, com qualquer desculpa, acompanhar alguém, levar meu filho, um sobrinho, ou simplesmente passar por essa experiência toda de novo com a melhor companhia de todas: eu mesma.

É impossível esquecer o que Inhotim um dia te proporcionou.

Se você se animou, prepare-se: evite ir com chuva, vá com calçado confortável, sem pressa, vá durante a semana, leve sua câmera e se for mulher e não for MUITO magra não vá de vestido.

E se você não se animou, nem um pouquinho, sinto muito mas meu conceito a seu respeito é dos piores.




Um comentário:

  1. Realmente não parece coisa de brasileiro issoaê não! Dou prioridade zero para artes mas você conseguiu me convencer e mostrar que Inhotim é capaz de mudar esse conceito através de seu modo único de existir.

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