02 junho, 2011

"Quando mentir for preciso, poder falar a verdade."


Quem me conhece sabe: eu me viro com a verdade, mas não sei administrar uma mentira.
Por mais que doa, por mais que eu sofra, por mais que mude minha vida, eu prefiro saber, ver, enxergar à viver no escuro de uma mentira, que um dia vai se iluminar e me engolir.

Sou capaz de perdoar a verdade mais horrível que já me causaram, ou não, mas não perdôo a mentirinha inocente. Mentiras não são inocentes, salvo algumas escassas exceções.

Muito provavelmente essa seja a minha razão do querer saber, do precisar entender. E nessa minha busca por tentar ver o mais claro possível de uma situação, me fez ver que a verdade absoluta é um mito. O mesmo acontecimento é visto por pessoas diferentes e de formas distintas. E todas as formas possuem sua verdade parcial. Portanto, toda história tem pelo menos 2 versões diferentes.

Algumas histórias mudam nossas vidas, sem nem terem acontecido com a gente. Algumas coisas nos fazem enxergar o que sempre vimos de um jeito, de uma nova maneira. E é algo irremediável.

Tem quem prefira viver num mundo cor-de-rosa, ignorando alguns fatos que não lhe competem diretamente para manterem sua felicidade. Mas a minha felicidade eu busco no concreto, no real, ou no mais próximo que eu consigo chegar disso. E não na ilusão. Eu me adapto a verdade feia, dolorida e cinza e busco a felicidade em algum canto dela.

A sua verdade pode me dilacerar por dentro, mas eu dou meu jeito. Eu me lambo, me limpo, me curo e o tempo me ajuda a cicatrizar. A sua mentira vai ser a minha ferida supurante, infeccionada e mal cheirosa.

Vou olhar nos seus olhos e vou querer saber quem você é. Minta pra mim e não vou mais querer saber de você.

Não mostre-me nada, seja um mistério, uma incógnita para mim, mas não apresente-se com uma linda bandeja de ilusões.  E sim, você é responsável pelas ilusões que eu tiver a seu respeito. Minhas conclusões baseiam-se no que vejo, no que absorvo de você. Não diga que a culpa foi minha.
Olha no alto da página, do lado direito do blog...leia bem essa frase. É isso.

E falando em verdades e mentiras, em pessoas, em se relacionar, olho pra trás e vejo o quanto um dos maiores representantes atos de mentira, o “trair”, tem várias facetas.
Quando se é adolescente o trair é o beijar entre sua namoradinha e aquele seu amigo, depois de umas chiboquinhas a mais, atrás do palco naquela festa. Quando viramos adultos e os relacionamentos se tornam um pouco mais sérios, o trair vai da sedução à cama e ponto final.  No casamento o trair se personifica na imagem dos amantes, virando um relacionamento paralelo.

Aqui e hoje não julgarei as razões desse ato de mentira, pois variam de um simples impulso, a um relacionamento em declínio até a simples e completa falta de caráter. Cada caso, nesse caso, é um caso!
Não me conheço o suficiente para ter certeza sobre qual seria minha reação atualmente, se submetida a uma situação assim em minha vida. Eu desconfio, mas não coloco minha própria mão para queimar.  E também não entrarei nesse mérito da questão.

Talvez fosse o caso de dissertar sobre um fato. Dar aqui um exemplo bem vermelho do que estou falando, de pessoas que mentem e enganam compulsivamente. De pessoas sem caráter, sem princípios, pessoas invertidas. Pessoas que carregam com si outras pessoas e relacionamentos e deitam-se todas as noites em travesseiro de mentiras.

No entanto eu sei: o trair é só uma das faces da mentira. A mentira estaria ali muito antes dele (ou dela) deitar-se na cama com outra. Um relacionamento é fadado ao fracasso quando a mentira encontra um canto calmo para se aninhar nele.
A mentira é o começo de tudo e o trair é apenas a conseqüência.

Não me magoe, não me faça questionar a sua presença em minha vida, não me decepcione. Não minta pra mim.
A sua mentira, seja lá quem você for em minha vida, será levada para o lado pessoal e não o verei com os mesmos olhos de novo. Meu ponto de vista talvez seja radical demais, mas essa sou eu. Deal with that.
 
Talvez você me deva satisfações, talvez não.
Talvez você me deva explicações, talvez não.
Talvez você precise da minha aceitação, talvez não.
Talvez você precise da minha lealdade e me deva a sua, talvez não.
Talvez precise da minha fidelidade e me deva a sua, talvez não.

Não importa. Minta para mim e você nunca mais será o mesmo. E dependendo de quem você for e do seu papel em minha vida, em meu coração, você vai saber disso. Caso contrário terá só o meu silêncio, que só terá significado para mim.

Não coloco aqui o tamanho, a importância, a razão, os motivos, o tipo ou a gravidade da mentira, pois isso tudo só agrega valor ao problema principal. 
Não olhe nos meus olhos e minta. E se o fizer, cuide para que eu NUNCA saiba disso. Essa é a única coisa que pra mim o tempo não ameniza.

6 comentários:

  1. falou bonito, falou serio, verdadeiro...falar a verdade nem sempre é o caminho mais facil...mas com certeza é o mais certeiro...honesto, fiel...parabens pelo texto...
    ganhou mais um ponto...
    PARABENS
    Deia Be

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  2. Na vida real as coisas não são tão preto no branco assim, ou viveríamos num mundo análogo ao do filme "O Primeiro Mentiroso", em momento anterior ao qual o protagonista inventou o ato de mentir. Mas entendo tua postura, tens todo o direito de adotá-la, já que todos queremos e buscamos a verdade, o ideal da verdade. E, como todo ideal, inatingível.

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  3. Concordo com ti, Anônimo. Um mundo ideal sem mentiras é inatingivel. A verdade absoluta impossibilita o convívio em sociedade. Mas não falo de verdade absoluta e nem de "mentiras Sociais". Falo de egoísmo,de falha no caráter e de falta de respeito. Evc se engana em dizer que todos "buscamos e queremos a verdade" , esse seu mundo sim é inatingivel.

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  4. Olá, sou o Anônimo do segundo comentário. Nesse sentido que tu colocas, sobre a mentira como aspecto do egoísmo e da falha no caráter, tenho que concordar, é inescusável. O praticante da mentira muitas vezes vê alguma razão naquela conduta, "menti porque não queria magoar-te", "menti porque é melhor assim", mas no fundo isso não serve, não é? Tapa-se o sol com a peneira. Ao tecer o comentário estava a pensar que, já que o ideal não se alcança, é como se pudéssemos esperar que alguém -- que desejávamos que assim não o fizesse -- venha a mentir cedo ou tarde. Sei que é horrível pensar que não se possa confiar totalmente em alguém a ponto de esperar que ela minta, mas creio que seja quase inevitável. E também estava a pensar nas mentiras "bobas", como "esta roupa fica ótima em ti", "sim, reparei no teu cabelo", ditas só para agradar, mesmo que o emissor não pense dessa forma. Quanto ao "todos buscamos e queremos a verdade", estava a falar por mim mesmo, apesar de reconhecer que não falo a verdade sempre.

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  5. E aliás, obrigado por tua resposta, raramente deparo-me com oportunidades para dialogar como a que encontrei neste espaço.

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  6. A verdade absoluta é tão prejudicial quanto a mentira desalmada. Aqui no blog tem espaço para todas opiniões, concordando eu ou não com elas, e faço questão de responder os comentários. Discussões desse tipo são saudáveis.

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