09 junho, 2011

Dois pesos. Duas medidas.

Não que eu entenda muito de política internacional, mas andei queimando uns neurônios com a notícia dessa semana.


Deixa-me ver se entendi direito.

Na Itália, Battisti foi integrante de uma organização de extrema-esquerda na década de 70 e foi acusado e condenado a prisão perpétua pelo assassinato de 4 pessoas. Mas ele fugiu pra França onde viveu por 10 anos sob proteção do governo. Depois veio pro Brasil, onde foi preso em 2007.

Itália e Brasil não são países tão divergentes assim, como se nos comparássemos a um país do Oriente Médio onde cultura, religião e valores são completamente diferentes.

Quer um exemplo?
Há um tempo atrás uma iraniana foi condenada a morte no Irã por cometer adultério. O Lula ofereceu exílio a ela.  Num caso como esse, onde nossos valores e religião divergem exponencialmente do país em questão, eu acho até discutível a intenção do ex-presidente. Afinal de contas, nós no Brasil não somos a favor da pena de morte, muito menos por adultério (senão tava todo mundo morto por aqui já). E em nossos valores se enraíza a máxima que nada nos dá o direito de tirar a vida de alguém. Portanto, seria louvável nossa intenção (no caso a do ex-presidente) de proteger a vida de uma mulher, oferecendo-lhe exílio.

Já o italiano Battisti fez barbaridades com seu povo e foi devidamente julgado por ele. E condenado. Ele assassinou e nós no Brasil também não somos coniventes a esse tipo de crime.
No entanto depois de muita discussão ficou decidido que ele seria extraditado e que cumpriria pena máxima de 30 anos pelos seus crimes (e não perpétua como definido pela Itália). Mas a justiça brasileira entendeu que a vida dele correria perigo caso ele voltasse à Itália e concedeu a ele status de refugiado político que poderia melar o processo de extradição pedido pela justiça italiana.

Nosso companheiro Lula resolveu não extraditá-lo e agora no governo Dilma, ele será solto para viver da forma que ele gostaria, como um escritor (que fofo!).

Talvez minha limitação de compreender política gere em mim algumas questões:

- O Brasil, ou o ex-presidente Lula, ou a justiça brasileira, tem o direito de intervir, contestar ou modificar uma decisão da justiça italiana? Ainda mais sendo de problemas internos?
- A troco de que o Brasil faz questão de manter uma pessoa condenada por assassinato, em nosso país?
- Não seria justo enviá-lo para o país dele, onde cometeu tantos crimes, para que eles se resolvam?
- Por que o Brasil está tão preocupado com a segurança de Battisti na Itália se ele é um assassino?

Ahhhh, imagino que isso tudo deve levantar um monte de discussões sobre o tema e que de repente aparece gente defendendo o Battisti pra cima e pra baixo. Como acontece com esses chatos dos "Direitos Humanos" defendendo bandidos.

Então vamos colar as coisas de outra forma:
Lembram do médico especialista em fertilidade Dr. Roger Abdelmassih?!

Não, ele não matou ninguém até onde eu sei.
Mas ele também tem algumas acusações cabeludas de estupro e atentado violento ao pudor de mulheres, entre ex-pacientes e uma ex-funcionária, ocorridos entre 1995 e 2008. Recentemente outras acusações estão pipocando no caso. Ele também está sendo investigado sobre manipular material genético de forma ilegal e imoral. Tentando aumentar as chances de suas pacientes engravidarem ele utilizava óvulos e espermatozóides de terceiros. Exames de DNA confirmaram que alguns casais deram a luz a filhos que não carregam seus genes.

Não, ele não foi condenado. Ainda.
Mas ele está foragido e tudo indica que ele fugiu para a Líbia.

Eu quero esse doutor de volta a nosso país para que ele seja julgado e condenado, fazendo justiça com todas as mulheres que sofreram seus abusos e com todos os casais que foram enganados pelo seu tratamento sujo.
Você não quer?

E se...de repente se...a Líbia olhasse para o tal doutor e entendesse que sua vida estivesse em perigo caso ele fosse extraditado pro Brasil e resolvesse conceder-lhe algo como um asilo político? Ficaríamos nós, brasileiros, satisfeitos? E nossas mulheres? Nossas mães? A honra de nossas famílias?
-Manda já o Dr. Roger Abdelmassih de volta que eu quero justiça!
E olha que não conheço nenhuma das vítimas dele.

Por que seria diferente com os familiares das pessoas assassinadas por Battisti?
Posso jurar que elas também querem o mesmo que nós: justiça.

São dois pesos e duas medidas.
 A esquerda e a direita italiana só se unem nesse fato: Battisti é criminoso. Mas o nosso ex-presidente, que tem complexo de oposição, tem que fazer o barulho dele. Não extraditar Batistti no ultimo dia de mandato é tipo peidar no elevador lotado e descer no próximo andar.

Sra. Dilma e toda a laia da justiça brasileira, muito cuidado!
Hoje vocês estão liberando um assassino para viver impune no Brasil e amanhã pode ser que sejam vítimas desse mesmo ato e nossas mulheres não tenham direito a justiça que elas merecem, porque simplesmente outro país entendeu assim. País esse que não tem nada a ver com nossos dilemas.

Percebem?

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