A minha amiga Fernanda Santin não é boba nem nada é umas das maiores postadora de pérolas no meu facebook e disse “Fogo, se liga nessa dica!”. E eu que sou menos boba ainda fui ver qualéquié.
(*Fogo = apelido que me acompanha desde que me conheço por gente e remete a cor dos meus cabelos)
A Fê achou uma carta, que foi escrita pela Stella Florence. A Stella é escritora de oito livros, entre eles: “Só Saio Daqui Magra”, “O Diabo Que Te Carregue!”, “Hoje Acordei Gorda”,“Ciúme, Chulé e Um Apelido Ridículo”. Atualmente escreve crônicas pro portal feminino do UOL, ITodas e esteve recentemente no Programa do Jô.
Jeitão da Stella: 32 tatuagens e não usa calcinha.
...tipo post-it de tattoo |
Enfim, a mulher é ligeira!
Depois do sucesso do texto “Como amar um homem inseguro”, que virou o post mais acessado do blog, me vejo a pensar que parece que a mulherada está se valorizando um pouco mais, ou pelo menos tentando, ou pelo menos parece. Ok, algumas ainda estão se afogando na briga do “eu sei que mereço mais” com o “mas eu queria tanto esse homem”.
Bom, força na peruca!
Deixamos uma coisa clara por aqui antes: ODEIO gente machista, assim como ODEIO gente feminista. Partindo disso, não pensem que estou aqui pra defender "as-pobres-mulheres-vítimas-de-caras-calhordas". Até porque não existem vítimas e como dizia Lisbeth Salander: “Não existe inocentes e sim diferentes graus de responsabilidade”.
E convenhamos que do mesmo jeito que tem caras com sérios problemas de auto-estima e descem alguns degraus para estar com uma mulher MENOS para que eles se tornem MAIS, também existem mulheres que adoram se envolver com homens de índole discutível, vestem a venda escura da ilusão pra não enxergar a verdade que dói, aceitam ser menos, colocam o cara num altar e depois ficam se lamentando.
Uma relação é baseada em equilíbrio, em igualdade. O seu parceiro esta do seu lado, à sua altura. Ombro a ombro. Para vê-lo, basta virar a cabeça. Se você precisa de meios para enxergá-lo, seja lá uma escada, um óculos, uma lupa, ou porque ele está alto demais, longe demais, baixo demais, ou porque ele brilha demais, ou porque é escuro demais, você precisa rever esse relacionamento.
Sendo assim, defesas de causas a parte, segue a carta que fui publicada no livro dela Os Indecentes.
Carta ao Desamor
(Stella Florence)
"Me desculpe por ter tomado a iniciativa. Me desculpe por ter escrito. Me desculpe por ter ligado. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por ter dito sim. Me desculpe por ter gemido. Me desculpe por ter gozado. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe pelos machucados que sua ex deixou em você. Me desculpe por eu ter vindo logo atrás dela. Me desculpe por querer entender seu silêncio. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por eu não ter usado máscara. Me desculpe por desejar alguma intensidade. Me desculpe por desejar. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe pelo que foi ruim. Me desculpe pelo que foi bom. Me desculpe pelo atrevimento de supor que eu merecia o que de bom aconteceu. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por eu ter tirado a roupa. Me desculpe por eu ter mostrado meu corpo. Me desculpe por eu ter gostado de mostrar meu corpo. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por eu ter escrito coisas lindas para você. Me desculpe por você não ter entendido um terço do que eu escrevi. Me desculpe por você ter me achado ousada demais. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por, em algum momento, eu ter te amado. Me desculpe por, em algum momento, eu ter te achado bonito. Me desculpe por, em algum momento, eu ter me achado bonita. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por eu não ter usado máscara. Me desculpe por desejar alguma intensidade. Me desculpe por desejar. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe pelo que foi ruim. Me desculpe pelo que foi bom. Me desculpe pelo atrevimento de supor que eu merecia o que de bom aconteceu. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por eu ter tirado a roupa. Me desculpe por eu ter mostrado meu corpo. Me desculpe por eu ter gostado de mostrar meu corpo. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por eu ter escrito coisas lindas para você. Me desculpe por você não ter entendido um terço do que eu escrevi. Me desculpe por você ter me achado ousada demais. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por, em algum momento, eu ter te amado. Me desculpe por, em algum momento, eu ter te achado bonito. Me desculpe por, em algum momento, eu ter me achado bonita. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe pelos seus erros de português. Me desculpe pelos erros de português da sua nova namorada. Me desculpe pela sua nova namorada achar margarida uma flor pobre. Me desculpe por eu ter voz.
Me desculpe por você torcer para o Palmeiras. Me desculpe se uma barata entrar na sua cozinha algum dia. Me desculpe pelos 130 km de congestionamento em São Paulo agora. Me desculpe por eu ter voz.
Mas, sobretudo, me desculpe por pedir essas ridículas, inúteis e dolorosas desculpas. Que, naturalmente, não são para você, afinal, porcos não reconhecem pérolas."
Me desculpe por você torcer para o Palmeiras. Me desculpe se uma barata entrar na sua cozinha algum dia. Me desculpe pelos 130 km de congestionamento em São Paulo agora. Me desculpe por eu ter voz.
Mas, sobretudo, me desculpe por pedir essas ridículas, inúteis e dolorosas desculpas. Que, naturalmente, não são para você, afinal, porcos não reconhecem pérolas."
Cada uma de nós pode adicionar o pedido de desculpas que quiser para personalizar a carta. Porém hoje não tenho nada acrescentar que diga respeito a minha própria vida, mas a vida de algumas pessoas fazem parte de mim. E Fê, não é que essa belezura de carta que você me apresentou fez todo sentido nesse ponto?! Portanto acrescentaria na carta:
"Me desculpe por você ser covarde. Me desculpe por você não ter tido coragem de terminar tudo. Me desculpe por você não saber resolver as coisas de forma decente. Me desculpe por eu ter voz."
(...acho que eu já disse que detesto homem covarde, não?!)
Não, não somos mulheres melhores que ninguém e não acho que esnobar homens, empinar o nariz e se encher de um orgulho arrogante, seja a solução do nosso problema. Amor-próprio sim talvez nos ajude. Mas em algum momento de nossas vidas vamos nos sentir desvalorizadas e quando isso acontecer tomemos uma atitude e lembremo-nos desse texto. Cabe a você ensiná-lo o caminho do chiqueiro, pois porcos não reconhecem pérolas.
Na primeira vez somos vítimas, na segunda somos co-autoras.