20 janeiro, 2011

E quem disse que casamento é uma instituiçao falida?


Li recentemente uma crônica da escritora e roteirista Tati Bernardi, sobre nossa (das mulheres) necessidade por homens. E um dos trechos me fez pensar.

 “Continuamos precisando de homens. Assim como nossas bisavós. Ou até mais do que elas. Elas precisavam de um bom homem. Nós precisamos do homem.”

Pensando bem é engraçado como as coisas evoluiram de geração pra geração nesse sentido.

Naquela época as mocinhas nasciam com um destino: ser esposa. Nossas vovozinhas foram treinadas para essa profissão. Aprendiam a costurar, cozinhar, lavar, passar, cuidar de um lar. E muitas vezes a família e a sociedade à que estavam inseridas as empurravam para casamentos arranjados.
Casava-se cedo naquela época. Casava-se virgem e sem experiência. E namorar não era uma experiência intensa com finalidade de conhecer a fundo o seu parceiro de vida. Namorar era o que a sociedade gostava de ver: passeios de mãos dadas com supervisão do futuro sogro, ou cunhado.
E ai daquela que não se casasse! Caía na boca do povo.

Essa forma de conduzir as coisas criou na geração seguinte uma síndrome que começava com uma vida a dois repleta de frustrações, evoluindo para traições e divórcios.
Tinha tudo para ser uma revolução feminina. E de fato foi. Nessa nova geração, a mulher saiu de casa, foi trabalhar e ganhar seu dinheiro. Permitiu-se prazeres e liberdades que antes eram apenas dos homens. Livrou-se de obrigações domésticas, que acabaram sendo divididas. Mostrou-se forte, prática, independente. Mostrou-se sexualmente livre.  Mas diferente do que mostra a experiência dolorosa da geração anterior, elas continuaram se casando. 

Porém os atritos com os homens que ainda assimilavam esse novo jeito de ser mulher, e os atritos com elas mesmas, continuaram gerando casamentos frustrados e divórcios. Mas nessa geração elas se deram o direito de serem felizes, e tiveram força e coragem para se separarem, desmitificando o divórcio.

A minha geração é a do conto de fadas.
Mais do que nunca queremos nos casar. Mesmo indo na contramão da história, continuamos a acreditar no casamento. Nos unimos hoje por escolha, por vontade. A sociedade já não nos impõe mais isso. 
A mulher de hoje sabe exatamente o que quer, como quer e quando quer. Exigentes, escolhemos o nosso homem a dedo. 
 Mais do que nunca buscamos o parceiro perfeito e o mercado do casamento nunca esteve tão aquecido. O convite, o vestidos branco, o véu, a festa, continuaram sendo um sonho para muitas. Cada uma com seu jeito, cada uma no seu vestido, cada uma no seu altar e no seu jeito de celebrar. Mas todas nós queremos estar e viver com aquele homem!


Olhamos para trás e enxergamos as omissões das nossas avós, os exageros de nossas mães.  Nossa geração, mais romântica e sonhadora do que nunca, busca o equilíbrio, busca não cometer os mesmos erros.
Mas continuamos errando. 

Erramos, pois somos sonhadoras e acreditamos que o casamento é uma força maior capaz de se levar sozinho, enquanto ele é tão delicado. Erramos, pois ainda acreditamos em Príncipe Encantado, e no fundo acreditamos que casamos com um. Erramos, pois vemos o divórcio como um bote salva-vidas, e quando tudo esta afundando basta pular no bote e se salvar.


Não, não sou contra o divórcio. Concordo que precisamos buscar nossa felicidade e se ela não esta mais ao lado do homem que escolhemos, então é melhor abandonar o navio. Porém o que tenho presenciado atualmente são casais que no primeiro chacoalhão já se agarram ao bote e vêem nele uma solução de vida!



Nossas avós sofreram com tanto sapo entalado na garganta, com tanta insatisfação e frustração. Muitas vezes aguentaram caladas e submissas. Mas levaram o casamento até o fim, até que a morte os separou. E no leito de morte do outro ainda choraram e lamentaram sua perda.


Também não é esse tipo de comportamento que espero das mulheres modernas. Mas confesso que admiro a força de nossas avós, da mesma forma que admiro a forças de nossas mães em recomeçar, que muitas vezes é tão duro quanto manter.

Acho que existe um equilíbrio ai e primeiro precisamos calibrar nossas expectativas.
Nós não nos casamos com um homem perfeito, então aceite os seus erros e defeitos. Nós não somos perfeitas.
Nós não seremos 100% felizes em nosso casamento. A relação é feita de fases e a fase ruim vai chegar, vai bater. Temos que estar prontas para ela, aceita-la, analisá-la e resolve-la. E assim ela vai passar... Se soubermos em como fazer isso, a fase ruim depois de ter passado, vai nos trazer aprendizado, experiência e vai nos unir mais.

Por que não usarmos toda a força de nossas avós para mantermos sólida uma vida toda construída a dois e só quando tudo estiver esgotado, quando não houver mais solução, ai sim ter forças como nossas mães para recomeçar?

Sou casada a pouquíssimo tempo, mas todos os dias do meu casamento eu me questiono: estou construindo uma base sólida?Estou dando o máximo para nós?
Precisamos de uma base bem construída, pois pilares e vigas da minha vida estão se formando. Essa é a minha (agora a nossa) grande construção. Não pode ficar um “nada” fora do lugar, uma aresta a se cortar. Não tem que estar perfeito, mas tem que estar correto. E todos os dias luto pra isso.

Sou completa e feliz. E batalho para mante-lo sempre completo e feliz ao meu lado. Sou dele como nunca fui de ninguém, e está fora dos meus planos algum dia usar o bote salva-vidas, pois enquanto meu coração estiver cheio dele, fico nesse navio.

É nessa construção que escolhi viver, é nessa construção que vou crescer. E é ao seu lado que quero morrer.


2 comentários:

  1. Mari hoje é tão frágil qualquer instituição ou casamento, ou juntar, ou o que seja; que um casamento para acontecer e durar tem que existir primeiro o respeito muito grande e a vontade das duas pessoas de querer estar junto, construir e estar unido! Amei seu texto, muito bem desenvolvido! beijosss Marianna Mancini

    ResponderExcluir
  2. Você tem completa razão no que diz, Marianna!

    ResponderExcluir