A minha experiência no Olympe começou no Instagram assim:
Brilha, Olympe. Brilha!
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A expectativa não era das mais altas, talvez pela lição que
aprendi no RS. Mas falando em culinária francesa E em família Troisgros é praticamente impossível
manter-se imparcial. Acredito que o sentimento da frase era um apelo. Isso. Um
apelo: Não nos decepcione por favor.
imagem: site |
Eu não queria simplesmente fazer uma reserva e ir comer no
Olympe. Eu queria viver a experiência e eu queria ver os chefs trabalhando. A
mocinha me garantiu que eu encontraria eles por lá, mas nesse mundo internético
nada passa batido e eu sabia que Claude estava na Itália, mas eu ainda tinha
esperança de encontrar chef Thomas Troisgros.
O salão é bem pequeno. O estofamentos em tons de vermelho, o
piso em madeira e paredes e teto em branco. O teto tinha o pé direito alto, com
as tesouras de madeira expostas e branquinhas. Um charme.
imagem: site |
imagem: site |
O clima era de espetáculo. Chegamos e fomos levados a nossa
mesa, e assim foi com os outros “convidados”, todos pontuais cumprindo o
horário marcado. Meio robótico até.
Não gostei de sentar a 40cm de outra mesa. Entendo que o salão
não era dos maiores, mas não gosto de ouvir a conversa dos outros, de poder
enxergar as rugas de expressão das mulheres ou não poder nem falar uma
besteirinha para meu marido sem que os vizinhos ouvissem. Uma “safe distance” é
sempre bom.
Mas vamos ao que interessa. O menu era lindo, e eu e minha
mente gorda-louca queria tudo. O menu degustação é sempre o mais próximo de
“tudo” que consigo chegar, então essa foi a nossa escolha.
O couvert chegou estalando de quente em nossa mesa. Um
polvilho temperado recém saído do forno e levemente apimentado. A manteiga
derretendo no pãozinho era de enlouquecer, e você sente a mágica do “comer”,
transformando o rotineiro e comum, em algo memorável.
Tudo ia bem até que erramos. Cometemos a falha grave de
informar o garçom que nossa escolha seria o menu degustação. Nunca façam isso
no Olympe, a menos que queiram se sentir apressados a deixar o restaurante.
(imaginei o garçom correndo pra cozinha e gritando pra um
cozinheiro com os nossos pratos em punho: “Agora. Vai!”)
Sente só a situação: com a vasta carta de vinhos da casa nas
mãos, sem definirmos o que harmonizaria nosso ilustre jantar, chega nosso
primeiro prato de 5 etapas.
Eu e Fernando nos
entreolhamos.
Tsc tsc tsc...
Não precisa ser expert no assunto pra saber que
comeram bola, não?
Aeee pessoal responsável pelo atendimento, tem que ver
issaê.
A proximidade dos nossos vizinhos comilões e ter o primeiro
prato quase enfiado guela baixo nos deixou um tantinho desconfortáveis.
Escolhemos um vinho mais leve para nos acompahar.
Perdoem-me pelas qualidades das fotos, mas ambiente escuro e
celular viram uma missão quase impossível.
De entrada recebemos um mandiopã com... ahhh, meu amigo, nem
eu sei o que tinha naquele mandiopã. Na boca era crocante com um recheio
cremoso de algum queijo. Era de sabor infância com alta gastronomia. Magnanimo!
O segundo prato foi um tartare de atum. Estava correto. Mas
já não vejo essa graça toda em atum. Tenho pra mim que o atum ainda vai virar o
strogonofe de antigamente.
tartare de atum |
O terceiro prato foi um tapa
na cara! Tapinha de amor não dói, né gente?
Vieiras perfeitamente grelhadas com pipoca de arroz e azeite
trufado. De chorar.
olha essa vieiras gorduchas! |
E foi a vez do Robalo grelhadinho, com uma casquinha
crocante e úmido por dentro, em cima de um ninho de batata palha caseira. Uma
delícia, mas o tipo de prato que você espera comer em bons restaurantes e não em
restaurantes de chefs reconhecido internacionalmente. Tipo de prato de quem não
quer arriscar, e colega, eu estava ali pra te ver arriscar até o que não tinha!
O triste foi ficar olhando pra ele e ter que esperar quase 10 minutos pra meter o garfo
nesse prato.
robalo |
Onde já se viu, no meio do menu degustação, entre um prato e
outro, querer ir ao banheiro? Assim não dá, né Fernando!!! Ou você achou que o
serviço ia parar SÓ por sua causa?
Prestenção: Fernando no toillet e eles entregaram o prato
dele na mesa, que ficou esfriando até que ele voltasse.
Já aconteceu conosco uma vez. No Mani, em São Paulo. O
garçom de longe percebeu que Fernando não estava na mesa, deu meia volta e não
OUSOU aparecer com o prato de volta enquanto Fernando não voltasse.
ISSO SIM É ATENDIMENTO, minha gente.
Pra finalizar os salgados nos trouxeram uma codorna.
Expectativa é tudo. E como codorna voa e eu não sou nenhuma entusiasta dos
penados...minha expetativa estava mais baixa que a taxa de emprego na Espanha.
Mas como não amar uma codorna molhadinha, se desfazendo num molho de vinho e
recheada de farofa? Apaixonei.
a codorna era imensamente mais gostosa do que parece |
It’s dessert time, baby!!
Eu adoro menu degustação. Tá certo que é o olho da cara, mas
é onde você tem a oportunidade que conhecer a maior quantidade de pratos possíveis, do seu
chef preferido. É onde ele vai te surpreender. É onde você vai
conhece-lo melhor através das escolhas que ele fizer pra te apresentar. E
sempre digo, a sobremesa é parte integrante e imprescindível no processo.
Bom, normalmente é assim.
Mas acho que o Olympe não leva tudo isso muito a sério. Acho
que eles estavam muito ocupados ou com preguiça talvez, de selecionarem uma
sobremesa para nós. E foi assim: cardápio na mão e “escolham suas próprias
sobremesa”.
Por sorte fomos imensamente felizes em nossas escolhas.
Fernando foi de torta de cupuaçu que estava impecável. E eu de creme brulee,
mousse de chocolate com pimenta e um canudinho de doce de leite. O que era
aquele canudinho, jesus? Tem um saco disso pra levar pra casa? Ele vinha
quente, com o doce de leite meio derretido e um toque salgado que não descobri
da onde veio.
Tortinha de Cupuaçu. Baby, isso sim é sobremesa! |
Canudinho sensação! |
Não vou voltar no texto e pontuar os erros grotescos no
serviço, pois eles se sobressaem por si só.
A nossa experiência no Olympe foi assim: uma noite apertada,
apressada, com comida de excelente qualidade e preço exorbitante.
A ironia da coisa toda é a seguinte:
Na minha experiência no DOM (que ainda não contei aqui),
Alex Atala me convidou para sua cozinha e a pedidos do Fernando teve a gentileza
de nos preparar um tacacá, nos deu pra experimentar folhas de jambu e nos
presenteou com um cardápio carinhosamente autografado. Um gentleman!
(São Paulo - SP)
No DUI da linda Bel Coelho, ela não só autografou um
cardápio pra mim, como veio em minha mesa me beijar e abraçar pelo meu
aniversário. Uma fofa!
(São Paulo - SP)
No RS da talentosa Roberta Sudbrack, a pedidos recebi o
cardápio autografado, mas ela não perdeu seu tempo vindo a minha mesa
entrega-lo.
(Rio de Janeiro - RJ)
E no Olympe, que eu nem me animei em pedir nada depois de
tantos deslizes e de ver que Thomas Troisgros não deu as caras na cozinha
naquela noite (e que Claude viajava), recebi um cardápio autografado. Daqueles
tirados de uma pilha de cardápios já previamente autografados.
Não consegui chegar a conclusão se via isso como um mimo ou
como business de quem realmente não perde tempo com clientes.
(Rio de Janeiro - RJ)
Agora me diz, esses parênteses são mera coincidência?
Olympe
Rua Custódio Serrão, 62 - Lagoa
Rio de Janeiro - RJ
Escritório: (21) 2537-8582
Reservas: (21) 2539-4542
só pra reforçar...
ResponderExcluirpois é minha amiga... é isso mesmo ! a comida é phoooooda, a melhor de todas... mas nós simples clientes mortais somos tratados por eles, os troigros, como macacos nas grades do zoo... eles nos jogam comida e observam a nossa comilança fantástica... a nossa cara de bobos, comendo a comida dos deuses... e ainda no final nos cobra e muuuito por isso ! e fica o sentimento de "eu queria taaaanto voltar ! mas com aquele atendimento, não rola...!" #adoreiopost
Chefs renomados na cozinha todos os dias é raro. A agenda deles inclui muitas viagens, eventos, etc. Além do que, Troisgros não têm somente 1 restaurante. Quanto a Roberta não sair da cozinha pra te conhecer, é compreensível, tem momentos numa cozinha que realmente não podemos sair. Quanto aos erros de serviço, concordo. Nada pior do que um jantar apressado, e pior, entregarem o primeiro prato antes da entrega do vinho.
ResponderExcluirMari, tive que resgatar esse post pra ver tuas impressões. Estivemos no Olympe ontem. De cara, achei a distribuição de mesas O horror, dava pra participar da conversa ao lado mesmo que o vizinho estivesse sussurrando. Pedimos o menu confiance harmonizado, com vinhos ácidos, aparentemente já abertos desde o dia anterior. A comida? Bem, começou com um cappuccino de cogumelos delícia. Depois disso foi uma sucessão de pratos ácidos (deve ser essa a harmonização com o vinho), um javali delicioso mas cheio de cartilagens, e uma sobremesa ótima, mas com tanto milho que parecia mesmo uma pamonha baratinha. Graças a Deus não vi o Claude e ninguém veio na nossa mesa perguntar nossa opinião. Resultado? Uma conta de 1500 reais e a certeza de que não voltaremos. ;)
ResponderExcluirMari, tive que resgatar esse post pra ver tuas impressões. Estivemos no Olympe ontem. De cara, achei a distribuição de mesas O horror, dava pra participar da conversa ao lado mesmo que o vizinho estivesse sussurrando. Pedimos o menu confiance harmonizado, com vinhos ácidos, aparentemente já abertos desde o dia anterior. A comida? Bem, começou com um cappuccino de cogumelos delícia. Depois disso foi uma sucessão de pratos ácidos (deve ser essa a harmonização com o vinho), um javali delicioso mas cheio de cartilagens, e uma sobremesa ótima, mas com tanto milho que parecia mesmo uma pamonha baratinha. Graças a Deus não vi o Claude e ninguém veio na nossa mesa perguntar nossa opinião. Resultado? Uma conta de 1500 reais e a certeza de que não voltaremos. ;)
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