13 setembro, 2011

Cloudy

Esse é o terceiro texto que começo.
Na cabeça, mais alguns pares de idéias.
Temas variados, abordagens diferentes.
E o blog há 18 dias sem publicar...esperando.

E eu pergunto: afinal, a cabeça está cheia ou está vazia?





Fase da vida em que tudo se torna confuso, onde se tem muito a fazer e a pensar, mas você se sente vivendo como em um sonho, onde nada se conecta, nada se liga, nada se resolve, nada evolui. Onde em casos como esse a continuidade e a racionalidade têm a mesma importância que a gravidade: zero. Nesse sonho não se voa, pois voar tem sentido, direção e intensidade. Nesse sonho só se flutua, a esmo de nuvem pra nuvem.

Fase onde você se sente alienada, anestesiada, drogada. Não dói, mas também não dá prazer. Não faz chorar, mas também não traz alegria. Não preenche. Não é depressão, e também não é satisfação. Não te realiza, mas não te traz sofrimento. 

Fase da vida onde você empaca.

Fase de se afogar em perguntas, não de procurar as respostas. Mas pra mim não era assim que as coisas fluiam, pelo menos não era essa a idéia de ordem que eu tinha da vida. As perguntas a vida me trazia de bom grado e muitas vezes contra minha vontade, eu que me virasse em buscar as respostas. Nunca me vi nadando em uma nuvem de questionamentos sem nem entender o “porque” e o “pra que” deles.
Como achar as respostas se você não entende as perguntas?
Como achar respostas de perguntas que você não quer ouvir?

Fase da vida onde você sabe que coisas precisam ser feitas, atitudes tomadas e passos dados. Mas como no sonho, tudo parece estar fora do seu alcance. E o simples ato de correr deixa de ser automático, você se concentra e tenta fazer o movimento correto, alinhar as passadas, dar o impulso, manter o equilíbrio, dobrar o joelho, um pé após o outro, mas é tudo em vão. Em uma rajada de vento, como uma pluma você flutua na nuvem e perde todo o esforço que fez. Fica sem sair do lugar. Flutuando.

Fase em que você fantasia os seus lobos de ovelhas. Lá está ele te encarando, com dentes afiados e você fecha os olhos e imagina aquilo que quer ver e que te faz mais feliz...uma ovelha. No seu devaneio você traz essa ovelha pra perto de você, por que é muito mais gostoso, dócil e tranquilo do que lidar com o problema do lobo. Até que você vira as costas e aquela sua ovelha-lobo mata todo o seu rebanho. Você sabe, mas fecha os olhos e imagina um rebanho novo, num dia lindo de sol.

Fase da vida em que nada é lógico, fácil, intuitivo. O simples ato de escolher cores torna-se uma missão-impossível. E você fica no cinza.

Fase onde tudo é opaco. E você busca algo que dispare seu coração, que bambeie suas pernas, que tire seu fôlego, que te faça perder o sono. Você quer algo que brilhe e que faça seus olhos brilharem. Mas você não acha e não porque não está ali, ou porque não existe, você não encontra, pois procura no lugar errado, a coisa errada.

Fase da vida onde você se agarra a uma situação e faz dela um marco, para dali em diante você retomar as rédeas da sua vida. O dia D chega e o marco passa despercebido, é só mais um dia. E você percebe que não existem tais ilusórios deadlines, que você é a única pessoa que tem as rédeas da sua vida e que é inútil tentar responsabilizar terceiros por isso.

Fase da vida que se sente coceira e você coça, coça, coça e parece nunca encontrar o lugar exato que alivia a comichão.

Fase da vida que você sabe que não deu seu melhor e que não fez direito o bastante para ter seu reconhecimento, mas que também não fez errado o suficiente para sentir o gosto da derrota e usufruir dos frutos da reflexão e evolução pós-fracasso. Fase que você não planta e não colhe.

E eu pergunto de novo. A cabeça está cheia ou vazia?
Não sei.
Mas o céu está cheio de nuvens.


...um colorido feliz aniversário para Tamyris Roxo.

2 comentários:

  1. Ai, que até arrepio!

    Eu sabia que IA SAIR! E saiu muito melhor do que eu podia imaginar! :)

    Fases de nuvem - Nunca achei que alguém pudesse compreender/descrever tão bem.

    E a pura verdade, que talvez tenhamos preguiça de encarar está lá no final do texto : somos os únicos responsáveis por mudarmos nossas vidas, mas tem épocas que não dá coragem. A única vontade é entrar dentro de uma concha e ficar lá dentro em posição fetal, longe dos barulhos e movimentos do mundo. Mas assim como veio, essa fase passa - e depois nem lembramos mais como era aflitivo tudo aquilo.

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  2. Oi Mariana, já dizia Chico Buarque: um copo vazio está cheio de ar! Será que com a cabeça não é a mesma coisa??

    Achei seu nome por acaso num blog e morri de rir da coincidência... Eu tbém me chamo Poloni.

    Uma bjoca
    Marcela Poloni

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