07 dezembro, 2010

Multa Moral

Chega a ser um paradoxo. Enquanto o mundo esta evoluindo rapidamente, novas tecnologias surgem todos os dias, o acesso a informação está cada vez mais amplo e irrestrito parece que a civilidade das pessoas segue para o lado avesso. Cada vez menos educadas.

Tenho passado por alguns episódios que ilustram bem isso.

Fim de semana no shopping na hora do almoço. Eu e o Fernando escolhemos nosso "restaurante", fizemos nosso prato, pagamos nossa conta e fomos buscar uma mesa para nos acomodar.
Dei alguns passos buscando uma mesa vazia... Achei! Não, não... tem uma pessoa sentada nela. E foi assim que passei quase 10 minutos de pé, andando pela praça de alimentação com uma bandeja de comida (que estava esfriando) em busca de uma mesa. Tudo que eu via eram muitas mesas semi-vazias, ocupadas por uma única pessoa que não comia e não fazia nada além de esperar pelas outras que provavelmente estariam ainda escolhendo o que comeriam. E é assim, o mundo é dos espertos, não dos educados. Não que eu não seja esperta também, não me custava nada sentar numa mesa vazia enquanto o Fernando decidia o que comeríamos e ficar assistindo os pobres coitados (educados) rodar pelo salão. E que ao passarem pela minha mesa vazia e reservada eu faria aquela cara de distração, de “não-percebi-que-você-já-pegou-sua-comida-e-está-procurando-uma-mesa”.
Mas não foi assim que fui educada.

Em outra situação precisava de um medicamento, entrei na farmácia vazia e seria rápido: entrar, pedir o medicamento e passar no caixa.
No balcão a mocinha atendia um cliente. Um moleque de uns 17 anos que falava ao celular com o pai. Eu aguardei a minha vez. Mas a conversa familiar estava se prolongando muito mais do que eu julguei educado. Ok, vc esta vendo com o seu pai que remédio comprar, mas faça isso fora da fila de atendimento (principalmente quando outras pessoas esperam), depois volte e peça o que precisa.
Dei um toque na atendente, enquanto o moleque decidia com o pai pelo telefone se o xarope seria de morango ou framboesa, e pedi a ela o meu remédio. Coisa simples: enquanto ele falava ao telefone, ela se ausentaria por 3 segundos e pegaria meu remédio. Mas ela me ignorou e preferiu ficar parada ouvindo a conversa dos dois.
Alguns minutos se passaram, junto com a minha paciência. Nem a atendente, nem o moleque possuíam alguma noção de educação. Enfim, ela entregou os remédios a ele que foi para o caixa pagar. E em 3 segundos, conforme previsto atendeu meu pedido e fui parar na fila atrás do sujeito. A caixa passou todos os itens dele e foi ai que ele se lembrou: “preciso de uma escova de dente!”. Largou a namorada no único caixa aberto da farmácia, com os produtos já registrados e foi procurar uma escova pela farmácia E eu na fila, e ele escolhendo, e eu esperando, e ele escolhendo, e minha paciência se esgotou. “Moça, vc não pode passar o meu (que era um único item) enquanto ele escolhe a escova?”. E a atendente, outra sem noção de educação, disse que não, pois teria que cancelar os produtos que ela já tinha passado.
Perdi a paciência. Fernando reclamou e largou nosso remédio no caixa. Cliente sem educação é uma coisa, atendente e caixa sem educação é outra. Tudo isso junto é inaceitável pra mim. Saímos reclamando e ainda tivemos que ouvir da namorada do chapa que éramos sem-educação. É ou não é uma piada?

E a criançada que chora, esperneia e grita em restaurante acabando com sua paz na hora da refeição? Onde estão os pais desses pimpolhos? Ah...eles estão ali assistindo. O seu filho é um mimado e mal-criado, você é um pai/mãe ausente que inverte os princípios decentes de civilização e não educa seu filho, e quem perde a minha paz sou eu?! Não esta certo isso.

E aquele sujeito que joga o papel no chão? O Fernando não perdoa: “Senhor, acho que deixou cair esse papel”. E ele na maior cara lavada do mundo diz que não era dele, não. “Jurava que vi você deixando cair...”

E aquele outro que para o carro ocupando duas vagas no estacionamento? Esse sou eu que não perdôo. Bilhetinho no pára-brisa dele! Garanto que educação ele não teve, mas pelo menos vai ter bastante vergonha em ler o que escrevi sobre ele. Sem perder a educação, lógico...Vou criar minha própria versão da Multa Moral.

Garanto que faria algum efeito se em casa caso desse, gentilmente eu entregasse um papel desses com um sorriso no rosto. Tenho certeza de que a pessoa ficaria tão embaraçada com a situação que pelo menos pensaria nisso na próxima vez que fosse jogar um papel no chão, ou parar em duas vagas no estacionamento. Esta certo, que talvez eu até corresse algum risco se além de educação a pessoa não tivesse escrúpulos também.

É fácil ser mal-educado, ou nada-educado. Difícil é ter educação, se portar e comportar como alguém civilizado, e sofrer todas as conseqüências de que não sabe o que é isso.

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